Blog do Alex Ramos
Às
vésperas do Natal, a comunidade do povo Tremembé do Engenho
localizada no município de São José de Ribamar, no estado do Maranhão, sofreu
processo de reintegração de posse. O caso aconteceu no dia 19 de
dezembro, segundo denunciou a nota do Conselho Indigenista
Missionário (Cimi) do Maranhão.
A
ação, levada adiante pelo ex-deputado Alberto Franco, contou com grande aparato
policial: 150 soldados das policiais militares, Tropa de Choque, policiais
rodoviárias federal e estadual e “até a guarda municipal de São José
de Ribamar”, segundo o Cimi. Tratores foram usados para derrubar as casas,
plantações e o sistema de irrigação da comunidade indígena. A comunidade tinha,
no dia anterior (18/12) recebido visita da Fundação Nacional do Índio (Funai)
para começar o processo de demarcação de terras.
O Cimi relata
a truculência da ação. “O povo foi atingido por bombas de gás lacrimogêneo
enquanto tentava retirar a sua estrutura de irrigação, recém adquirida.”. Os
indígenas relatam que agora, com todas as suas formas de sustento e pertences
destruídos, não terão como pagar a dívida que fizeram com o Programa Nacional
de Fortalecimento para a Agricultura Familiar – Banco do Nordeste (Pronaf) para
financiar a construção do sistema de irrigação.
Flávio Dino
O
governador do estado do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), através de seu
secretário de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco
Gonçalves da Conceição, solicitou, por intermédio de ofício que o juiz Titular
da 1ª Vara Cível do Termo Judiciário de São José de Ribamar, Celso Orlando
Aranha Pinheiro Júnior, que reconsiderasse a ordem de despejo da comunidade de
Tremembé do Engenho, levando em conta a sua autodeclaração como povo indígena.
“É
fundamental que o judiciário suspenda essa decisão, até que seja apreciada a
documentação e laudo técnico emitido pela FUNAI. Neste sentido, nós informamos
que de forma alguma a Secretaria tem o intuito de criar dificuldades, ou mesmo
tentar embaçar o cumprimento da decisão judicial como o juiz do caso alega, mas
neste caso nós estamos cumprindo o nosso papel na defesa dos direitos humanos
dos povos e comunidades vulneráveis do Estado do Maranhão, trabalhando no
sentido de mediar e buscar soluções compatíveis com os direitos fundamentais
previstos na legislação brasileira”, afirma o secretário Francisco.
A
comunidade Tremembé do Engenho era habitada por cerca de 60 famílias espalhadas
em 86 hectares. No dia 14 de agosto de 2018, a comunidade enfrentou e
expulsou três pistoleiros armados que invadiram seu território. Pistoleiros
estavam presentes também no dia 18, durante a visita da Funai, denunciou
o Cimi.
Com informações da Nova
Democracia
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