Blog do Alex Ramos
O ex-presidente Michel Temer, ao lado do ex-ministro da Casa Civil Eliseu Padilha, durante cerimônia no Palácio do Planalto Foto: Foto: Ailton de Freitas / O Globo/Arquivo |
Com base na delação do operador do PMDB Lúcio
Funaro, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a força-tarefa da
Lava-Jato está nas ruas do Rio, São Paulo, Brasília e Porto Alegre, prendeu na
manhã desta quinta-feira o ex-presidente Michel Temer. Agentes da Polícia
Federal ainda buscam o ex-ministro da Casa Civil Eliseu Padilha e
Moreira Franco. A ordem dos mandados de prisão é do juiz Marcelo Bretas, da 7ª
Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A delação de Funaro foi homologada no
dia 5 de setembro de 2017.
A colaboração de Funaro, homologada pelo ministro
Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, à qual o GLOBO teve acesso, tem 29
anexos que narram em detalhes como teria funcionado o esquema de corrupção no
Congresso, chefiada por caciques do antigo PMDB como os ex-presidentes da
Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, preso em Curitiba, e Henrique Eduardo
Alves, além dos ex-ministros Geddel Vieira Lima (preso há 6 meses), Moreira
Franco e do ex-vice governador do Distrito Federal Tadeu Filippeli, que foi
assessor especial do gabinete de Temer.
Investigadores cruzaram informações e documentos
fornecidos por Funaro com planilhas entregues à Justiça pelos doleiros Vinícius
Claret, o Juca Bala, e Claudio Barbosa, o Toni, apontados pela força-tarefa
como responsáveis por mandar valores para o exterior para políticos e
empresários. Nessas planilhas aparecem trasferências para Altair Alves Pinto,
apontado como operador de Cunha. Altair foi apontado pelos doleiros como
"o homem da mala" que repassava dinheiro para Eduardo Cunha e para o
presidente Michel Temer.
Entre os anexos estão informações do doleiro sobre
como funcionava o monitoramento para evitar que outros alvos da Lava-Jato
fizessem delação premiada, as relações do Congresso com a Grupo JBS, além do
Grupo Bertin, de operações de fundos de investimento da Caixa Econômica Federal
(CEF), da campanha do ex-deputado Gabriel Chalita, da LLX de Eike Batista, da
CPI dos Fundos de Pensão e de medidas provisória irregulares.
A delação de Funaro também atinge o ex-presidente da Assembleia Legislativa do
Rio (Alerj) Jorge Picciani e o empresário de ônibus Jacob Barata.
Funaro conta ainda que após romper com o governo
Dilma, Cunha "pautou e liderou" a votação do impeachment da ex-presidente
Dilma e que teria enviado uma mensagem a Funaro perguntando se ele teria
disponibilidade de recursos para poder comprar os votos necessários dos
deputados para aceitarem o impeachment. Funaro não cita valores, mas diz que
disponibilizou recursos para Cunha. E acusa Cunha de tramar diariamente a
aprovação do impedimento da petista.
Do EXTRA
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