José Mojica
Marins, conhecido popularmente por seu principal personagem, o
coveiro Zé do Caixão, morreu nesta quarta (19/02/2020), aos 83 anos. Considerado o
pai do cinema de terror no Brasil, o ator e diretor de clássicos como À
Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964) e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver
(1967) estava recluso há cinco anos por causa de problemas de saúde, sobretudo
cardíacos.
De
acordo com depoimento da filha do artista, Liz, à Folha de S. Paulo, o cineasta
morreu por complicações de uma broncopneumonia. Ele estava internado no
hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, para tratar a doença.
Carreira
Filho de
artistas circenses, Marins, nascido em São Paulo, cresceu frequentando a sala
de cinema gerenciada por seu pai. Fez filmes caseiros na infância e tinha
especial interesse pelo terror.
Com verve
autodidata, o artista criou, aos 17 anos, a Companhia Cinematográfica Atlas,
espaço para desenvolver seus projetos. Seus métodos nada habituais incluíam,
por exemplo, testar elencos com insetos e outros bichos.
O
primeiro sucesso de Marins foi A Sina do Aventureiro (1958), classificado pelo
pesquisador Rodrigo Pereira como um “western feijoada”. O Zé do Caixão,
personagem que o acompanharia pelo resto da carreira, surgiu em À Meia-Noite
Levarei Sua Alma (1964).
Criado “do zero” por
Marins, Zé do Caixão, ou Coffin Joe, como é popularmente conhecido na cinefilia
internacional, surgiu para o artista durante um pesadelo. Nele, dizia o ator e
diretor, ele era arrastado por um vulto para seu próprio túmulo.
Com suas
características unhas alongadas e discursos mórbidos, Zé do Caixão era
frequentemente dublado por Laércio Laurelli. A maneira que Marins encontrara de
reforçar ainda mais o ar macabro do personagem.
Ao longo
dos anos, Marins continuou a mostrar o personagem em novas histórias: Esta
Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967), O Estranho Mundo de Zé do Caixão
(1968), Trilogia de Terror (1968) e O Despertar da Besta (1983).
Em
2008, concluiu a trilogia iniciada por À Meia-Noite e Esta Noite com Encarnação
do Demônio, filme exibido no Festival de Veneza e concluído com a ajuda de
amigos do cinema, entre eles o montador e hoje diretor Paulo Sacramento (O
Prisioneiro da Grade de Ferro).
Do Metrópoles
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