Até essa semana, dos mais de 78 mil infectados pelo novo coronavírus na China desde o início da crise, quase metade deles já haviam sido considerados curados e receberam alta do hospital. No entanto, um novo fenômeno que está acontecendo no país vem preocupando os médicos. Agora, há casos de pessoas que se recuperaram do vírus e, em semanas, voltaram a testar positivo. Isso pode ser um sinal de que a Covid-19 será mais difícil de erradicar do que o esperado.
Segundo a imprensa estatal chinesa, o primeiro homem a ser contaminado pelo vírus na cidade de Xuzhou havia recebido alta do hospital e, duas semanas depois, voltou a apresentar os sintomas e dar positivo nos testes. O mesmo ocorreu com sua filha e os dois voltaram a ser internados. Casos semelhantes ocorreram em diversas outras cidades e províncias da China, mesmo sem que os pacientes tivessem voltado à vida normal (trabalho, estudos) e sem ter contato com outros infectados. Na província de Cantão, no sudeste do país, 14% dos casos curados deram positivo novamente, segundo a revista chinesa Caixin.
Os médicos ainda investigam os motivos para as recaídas, uma vez que não houve contato com o vírus novamente. A opção mais aceita até agora é a de que uma pequena quantidade de vírus deve ter ficado no corpo dos infectados. Por ser muito pequena, ela não é detectável pelo exame, mas pode se reproduzir e voltar a testar positivo, caso o organismo não tiver desenvolvido anticorpos suficientes. Também é possível que essa falta de anticorpos permita uma segunda infecção de fontes externas.
Em entrevista ao El País a professora de Epidemiologia Estatística Christl Donnelly, do Imperial College London e da Universidade de Oxford aponta que casos parecidos ocorreram na epidemia de ebola na África Ocidental entre 2013 e 2016. “Também é possível que aconteça como no caso do herpes zoster, consequência de uma infecção anterior com o vírus da varicela, em que o vírus fica latente em alguma parte do corpo durante anos”, explicou. Segundo ela, a situação é especialmente preocupante porque não se sabe se esses casos podem infectar outras pessoas. Se sim, os casos aparentemente recuperados poderiam ser uma fonte potencial de infecção, o que pioraria drasticamente a situação mundial.
Comissão Nacional de Saúde da China afirma que os testes nos casos de reinfecção podem ser falsos positivos ou podem não ter sido coletados da maneira correta. Inicialmente, as amostras eram tiradas do nariz e da garganta, mas testes mais recentes encontraram vestígios do vírus nos pulmões.
Medidas de prevenção
Devido aos riscos, alguns países estão aderindo medidas de prevenção antes dar alta aos pacientes. Na China, para poderem voltar para casa, os pacientes devem não ter mais sintomas, dar negativo nos testes e não apresentar anormalidades na tomografia do pulmão. Em Wuhan, cidade onde a pandemia se originou, quem receber alta dos hospitais deve passar pelo menos 14 dias em um local especialmente habilitado antes de voltar à vida normal devido ao atual risco de reinfecção. No Japão, 48 horas após deixar de apresentar sintomas, o paciente é submetido ao exame. Caso dê negativo, o teste deve ser repetido 12 horas depois e, só então, a pessoa poderá ir para casa.
Revista Claudia
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