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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Temmer doma Bolsonaro, acalma os ânimos e deixa militância desolada

 Blog do Alex Ramos

O ex-Presidente Michel Temmer acalmou os ânimos ao redigir a carta para Jair Bolsonaro

Houve tensão e promessas de ânimos acirrados antes, durante e depois das manifestações bolsonaristas no 7 de setembro. As palavras mal ditas pelo Presidente da República contra ministros do Supremo Tribunal Federal e até mesmo com ameaças à Suprema Corte não repercutiram bem no Brasil e no exterior. O mercado financeiro reagiu mal, com alta do dólar, desvalorização do real e ações em baixa. 

O mundo político aguardou posicionamento do STF, Câmara e Senado, mas muitos partidos já acenavam para analisar a possibilidade de um impeachment. Enquanto isso caminhoneiros bloqueavam pistas em pelo menos 15 estados. A tensão era total. Mas, eis que “bombeiros” foram chamados. Foi preciso contar com a experiência de uma raposa da política. Michel Temmer obrou um milagre ao escrever uma nota de “paz”.

Foram quase cinco horas de reunião para convencer Jair Bolsonaro a assinar uma nota oficial. Não sem antes conversar por telefone com Alexandre de Moraes. As frases escritas nem de longe lembram as palavras ditas em tom ameaçador ao chamar o Ministro do STF de “canalha” ao discursar para sua militância. Ele foi além, afirmou que não obedeceria ordens judiciais. A resposta do Ministro Luiz Fux foi dura, afirmando que seria crime de responsabilidade.

“Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes”, diz trecho da nota.

Como um peão, Temmer domou um touro brabo. Seu próprio partido já havia se manifestado contra o Presidente da República. Era preciso acalmar os ânimos. E deu certo. Pelo menos em parte. O mercado financeiro reagiu bem. Mas, a militância bolsonarista está desolada e, principalmente, decepcionada com Jair Bolsonaro. A queda de popularidade já era acentuada entre a população e agora pode se tornar real entre seus apoiadores, um custo pela harmonia entre os Poderes.

Agora, o que o Brasil espera é um pouco de paz e ações integradas para debelar uma crise econômica que faz explodir a inflação, que reduza o desemprego e o preço dos alimentos, do gás de cozinha e dos combustíveis. O histórico do Presidente Bolsonaro mostra que ele tem pavio curto e voltar ao conflito nada lhe custa. Resta saber se ele continuará se aconselhando com Temmer ou com sua equipe ideológica. A escolha poderá fazer toda diferença entre terminar ou não seu mandato com direito a disputar a reeleição. Se a mudança de postura será duradoura só o tempo dirá.


Fonte: Wesley Salles

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Luzimar Rodrigues