Blog do Alex Ramos
A saliva é o combustível da política. Durou cinco horas o almoço em que Sergio Moro comunicou à cúpula do Podemos a intenção de concorrer à presidência pelo partido.
Os participantes do encontro começaram a trocar impressões sobre o Brasil e o panorama eleitoral às 10h de 25 de setembro, um sábado. Só se levantaram da mesa no meio da tarde, às 15h.
Durante tanta queima de combustível político, o ex-juiz falou o que a claque queria ouvir, mas fez um pedido. Queria que aguardassem até final de outubro para confirmar a decisão, porque precisava acertar sua situação com seu empregador, a consultoria americana Alvarez & Marsal.
O almoço ocorreu na casa do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), em Curitiba. O encontro contou também com a presidente do partido, a deputada federal Renata Abreu (SP), e os senadores Álvaro Dias e Flávio Arns, ambos do Podemos do Paraná.
Na mesma semana, Deltan Dallagnol, procurador do MPF (Ministério Público Federal) ligado à Operação Lava Jato, pediu afastamento do cargo e quer entrar para a política, segundo o Congresso em Foco.
O compromisso de Moro em ser candidato virou atitude em 2 de novembro. Nessa data, ele anunciou no Twitter o ato de filiação com a mensagem: "juntos, podemos construir um Brasil justo".
Buscando aliados
Na época do almoço em Curitiba, o ex-ministro da Justiça morava em Washington e visitava o Brasil em viagens com duração de uma semana a dez dias, nas quais articulava, na maciota, suas pretensões eleitorais. Depois de garantir um partido para concorrer, Moro procurou aliados potenciais.
Flávio Arns conta que foram dezenas de contatos com parlamentares, partidos, movimentos sociais e economistas. Uma das pessoas procuradas por Moro foi o deputado federal Júnior Bozzella, vice-presidente do PSL.
"Sabendo que sou simpático à pauta, ele agradeceu pelos meus posicionamentos em defesa da Lava Jato. Também fez questão que eu passasse os telefones de outros parlamentares para ele entrar em contato."
Intensivão político
Moro já está treinando com fonoaudiólogo e recebe dicas de políticos próximos sobre o que vestir, palavras a evitar e gestos que não pode fazer. Ele é considerado "muito cru" para as fontes ouvidas por TAB, mas humilde em ouvir conselhos e colocá-los em prática.
A postura de Moro não reduz a preocupação de quem busca preparar um produto político. A justificativa é que a carreira de magistrado exige alguém imparcial, controlado e frio. Candidatura presidencial requer oratória cativante, posicionamento e carisma. A capacidade de Moro de desenvolver este lado showman é uma incógnita.
Do UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário