Blog do Alex Ramos
O Ministério Público do Maranhão (MP-MA), por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Rosário, ofereceu, nesta terça-feira (4), denúncia o professor de dança, César Adriano Correia Mendes, conhecido como ‘César Show’ ou ‘Farofinha’, pelo crime de estupro e estupro de vulnerável, tendo como vítimas adolescentes do município de Bacabeira, na Região Metropolitana de São Luís. Além do professor, o MP-MA denunciou Daniel Dias Gabriel pelos mesmos crimes.
Segundo o inquérito policial, que fundamentou a denúncia, César Adriano foi contratado, neste ano, para atuar em escolas públicas de Bacabeira como professor de dança, organizando ensaios de festas juninas, na época, ele criou grupos em aplicativos de mensagem.
Após obter o contato dos alunos, o professor utilizou-se de uma das alunas para convencer outros estudantes a enviar fotos nuas ou se masturbando. De posse das imagens, o denunciado passou a chantagear os alunos, ameaçando publicar as imagens, caso não tivessem relação sexual com ele.
De acordo com as investigações, ao todo, foram identificadas 12 vítimas de César. Quanto ao denunciado Daniel Dias, o inquérito policial aponta que ele chegou a participar dos encontros, inclusive utilizando arma de fogo, e teve relação sexual com dois menores de 14 anos.
Na denúncia, o Ministério Público do Maranhão, por meio da titular da 1ª Promotoria de Rosário, Maria Cristina Lobato Murillo, pediu a condenação dos acusados pelo crime de estupro em relação a cada uma das vítimas, com o acréscimo da continuidade delitiva pela reiteração da conduta com as mesmas vítimas. Também foi requerida a condenação pelo artigo 28 do Código Penal e 244 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por envolver aluna menor de idade para persuadir as vítimas.
Professor está preso
César Adriano está preso desde o último dia 26 de agosto, quando foi alvo da operação ‘Arco Íris’, realizada pela Polícia Civil do Maranhão, em Bacabeira. A operação teve o objetivo de desarticular um grupo criminoso voltado a exploração sexual de crianças e adolescentes. O trabalho policial foi coordenado pela delegacia da cidade.
Segundo as investigações, alguns indivíduos produziam vídeos, onde mantinham relação sexual com menores de idade e depois armazenavam e divulgavam o material. Ainda de acordo com a polícia, as vítimas eram, a princípio, abordadas nas escolas.
Um dos investigados é o professor de dança César Adriano, o qual, por meio dessa atividade, tinha acesso às escolas onde as vítimas estudavam e, desse modo, as vítimas, do sexo masculino, eram escolhidas.
De acordo com a polícia, em um aplicativo de mensagem, o professor conversava com as vítimas, se passando por mulher. Ele acabava persuadindo as crianças e adolescentes a mandarem fotos nuas. Depois, o homem exigia que as vítimas tivessem relação sexual com ele, caso contrário, ele ameaçava divulgar as imagens das vítimas nuas na internet.
Durante o cumprimento de mandado de prisão e de busca e apreensão, a polícia apreendeu com o professor celulares em que havia várias imagens íntimas de crianças e adolescentes, que moram no interior do Maranhão, como também em outros Estados.
Após a prisão de César Adriano, mais de 30 pessoas foram ouvidas no inquérito, entre elas estão as vítimas e as famílias delas.
Segundo a polícia, todas as vítimas identificadas, até então, eram estudantes de escolas da rede municipal de ensino. O secretário Municipal de Educação de Bacabeira, Wendel Calvet, admitiu que César era funcionário contratado da Secretaria Municipal de Educação (Semed).
“Ele foi um funcionário contratado do município como Auxiliar Operacional de Serviços Diversos. Atualmente ele estava trabalhando na Secretaria de Educação como AOSD dentro da Secretaria Municipal de Educação. Era o vínculo que ele tinha hoje dentro do Município".
O secretário nega que tinha conhecimento que o professor se apresentava como professor de dança nas escolas do Município e que só agora com as denúncias ficou sabendo.
“Eu tive esse conhecimento agora depois que esse caso teve toda essa situação que saiu há alguns dias atrás que fui saber que ele estava se fazendo de professor e eu fiquei totalmente desnorteado em relação a isso”.
O secretário Wendel Calvet ressalta que o professor não foi contratado para ensaiar os alunos danças folclóricas. “Não. Nenhuma escola o contratou. Essa escola não o contratou”.
Mas Guilberth Kilder, gestor de uma escola da cidade de onde eram a maioria das vítimas, admite que durante as festas juninas César Adriano esteve dentro da unidade escolar ensaiando quadrilha junina com os adolescentes.
“Durante a festividade junina ele esteve conosco e durante esse período e nesse período a gente acompanhou tudo que ele fazia e ele cumpriu seu horário de coreografia com os meninos sobre o nosso olhar no pátio e a partir daí ele se retirava da escola nunca acompanhado de alunos. Ele sempre voltou para a sua casa normalmente como todo mundo. Pegava seu transporte e se encaminhava para sua residência”.
César Adriano Correia Mendes só foi exonerado da Semed depois das denúncias. Representantes das Secretarias Municipais de Educação e da Saúde, e do Conselho Tutelar de Bacabeira se reuniram com os pais e responsáveis de alunos da escola para tratar sobre o caso.
O conselheiro tutelar Noelson Sousa diz que as crianças e adolescentes que tiveram contato com o professor seriam levadas para a Delegacia de Proteção a Criança e Adolescente (DPCA), na capital, para que recebessem acompanhamento psicológico.
“Estamos montando as estratégias para poder levar essas crianças e adolescentes para fazer acompanhamento psicossocial na DPCA, que fica em São Luís, justamente para nós preservarmos esses adolescentes juntamente com os seus familiares”, revelou.
Segundo a psicóloga Ana Gabrielle Guterres, a violência sexual pode causar graves consequências em uma criança ou um adolescente.
“Alguns traumas que a gente consegue observar, tanto no desenvolvimento dessa criança, desse adolescente, como também pode chegar até na vida adulta esses traumas a surgirem, como a depressão, com ideias suicidas, baixa autoestima, dificuldades em seus relacionamentos afetivos, sociais”, explicou.
Do G1
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