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sexta-feira, 27 de julho de 2018

‘ESTOU COM MEDO’, DIZ CLIENTE QUE RECEBEU APLICAÇÃO; FOTOS MOSTRAM PATY BUMBUM EM AÇÃO

Blog do Alex Ramos
Ainda na delegacia, cabeleireira mostra foto em que Paty Bumbum aparece fazendo aplicação
Ainda na delegacia, cabeleireira mostra foto em que Paty Bumbum aparece fazendo aplicação Foto: Ricardo Rigel
Fotos obtidas pelo EXTRA feitas por uma cliente e entregues à Polícia Civil nesta quinta-feira mostram Patricia Sílvia dos Santos, indiciada pela Delegacia do Consumidor (Decon) por exercício ilegal da medicina, fazendo aplicação de um produto nos glúteos da mulher, uma cabeleireira de 40 anos. Segundo a paciente, foram desembolsados R$ 1.900, no início de maio, para que Paty Bumbum — apelido com o qual a massoterapeuta apresentava-se, segundo a polícia — realizasse um procedimento com hidrogel, que só pode ser feito por um médico, de preferência cirurgião plástico ou outro profissional especializado.
Em depoimento prestado na Decon, a cabeleireira, que preferiu não ter o nome revelado, relatou que fez a aplicação na residência de Patricia, no mesmo endereço visitado pela polícia na última quarta-feira, quando foram apreendidos agulhas, seringas, anestésicos e outros itens. Já no local, depois de oferecer um comprimido sublingual à cliente, a falsa médica mostrou o frasco com a substância que seria inserida nas nádegas da paciente.
Outra imagem da sessão na casa de Paty Bumbum
Outra imagem da sessão na casa de Paty Bumbum Foto: Arquivo pessoal
— O que me chamou a atenção é que não havia nenhuma inscrição na embalagem, nada que atestasse ser hidrogel. Depois que vi a foto dela na imprensa, fiquei desesperada de ela ter aplicado silicone industrial em mim. Vou ter que procurar algum profissional que descubra isso. Estou com medo — conta a cabeleireira.
Segundo informações repassadas ao Disque-Denúncia (21 2253-1177), Patricia, de 47 anos, costumava, de fato, aplicar nas pacientes o silicone industrial, cujo uso para fins estéticos é proibido pela legislação. Na casa de Patricia, em Curicica, na Zona Oeste do Rio, foram encontrados, como indicado no registro de ocorrência, quatro frascos de substância líquida aparentando ser silicone industrial — em um deles, constava a inscrição “óleo de silicone (uso industrial)”. Em entrevista ao EXTRA, Paty Bumbum negou as acusações, disse ser massoterapeuta “com diploma” e alegou que os produtos apreendidos na residência eram “negocinho de limpar carro”.
— No terceiro ou quarto dia depois da aplicação, eu senti umas dores no fêmur, o glúteo ficava esquentando, formigando. Não podia nem ficar sentada muito tempo. Eu mandava mensagem e ela ficava tentando me acalmar, dizendo para não me preocupar. Em momento algum me disse para procurar um médico, por exemplo — relata a cabeleireira, contando que a própria Patricia, mesmo sem qualquer formação na área, chegou a orientar apenas que ela tomasse um anti-inflamatório e analgésico.

Áudios geram revolta
Em áudios anexados ao inquérito, Patricia aparece conversando com supostas clientes em um grupo fechado de WhatsApp. No diálogo, ela ironiza as mortes recentes envolvendo procedimentos estéticos: “Amigas, vamos falar sério? Todo ano morre alguém fazendo alguma p... de estética, mas pelo menos a gente morre fazendo aquilo que a gente quer e não morre feia”. Em outro trecho, a massoterapeuta diz: “Eu não falo para ninguém no grupo que sou médica, não engano ninguém. Quando me procura sabe do risco”.
— Isso também me doeu muito. Como a pessoa trata a coisa desse jeito, “se morrer, morreu”? E se fosse eu, ali, na maca dela? Fiquei arrasada — desabafa a cabeleireira ouvida pelo EXTRA.
Nesta sexta-feira, estão previstos, na sede da Decon, mais dois depoimentos de mulheres que passaram pelas mãos de Paty Bumbum. Segundo a delegada Daniela Terra, titular da especializada, é importante que outras vítimas também procurem a polícia para relatar o que vivenciaram.
— É fundamental para verificar outros possíveis crimes que ela pode ter cometido. Da aplicação do silicone industrial, podem advir várias consequências, como lesões corporais graves e até homicídios — explica a delegada.
Patricia já foi indiciada pela Decon por exercício ilegal da medicina. Porém, como o crime é considerado de menor potencial ofensivo e tem pena máxima de até dois anos de reclusão, ela foi liberada logo após ser conduzida à sede da especializada. Embora tenha optado por permanecer em silêncio, a mulher chegou a contar informalmente aos agentes que atua no ramo há 13 anos.
Material apreendido pela polícia na casa de Patricia, em Curicica
Material apreendido pela polícia na casa de Patricia, em Curicica Foto: Divulgação
fonte: Extra

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Luzimar Rodrigues