deputado federal reeleito Jean Wyllys (PSOL-RJ) |
O deputado federal reeleito Jean Wyllys (PSOL-RJ) anunciou nesta
quinta-feira 24 que desistiu de assumir o terceiro mandato como parlamentar
pelo Rio de Janeiro em virtude de ameaças contra sua vida.
Ele afirmou que viverá fora do Brasil, se dedicando à
carreira acadêmica. “Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta
por dias melhores”, escreveu. Jean era o único deputado federal assumidamente
homossexual do Congresso Nacional.
Jornalista
de formação, Jean Wyllys se tornou uma figura nacional após a sua participação
no reality show Big Brother Brasil,
da TV Globo, do qual se saiu vencedor. Posteriormente, filiado ao PSOL, iniciou
sua carreira política vencendo o pleito para a Câmara dos Deputados em 2010.
Foi reeleito em 2014 e mais uma vez neste ano.
Em
entrevista ao jornal Folha de S.Paulo,
que acompanha a nota publicada nas redes sociais do deputado, Jean afirma que
tomou a decisão após alguns meses vivendo sob escolta policial a partir do
assassinato da vereadora Marielle Franco, que era sua correligionária.
Segundo o parlamentar, ele sofreu nos últimos meses
episódios de agressividade em locais públicos, que citavam notícias falsas
produzidas sobre ele, como a de que ele teria feito “elogio da pedofilia”. “Eu
vi minha reputação ser destruída por mentiras e eu, impotente, sem poder fazer
nada. Isso se estendendo à minha família. As pessoas não têm ideia do que é ser
alvo disso”, conta.
Para
exemplificar o risco que avalia correr, Jean Wyllys cita uma medida cautelar
emitida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que, segundo ele,
considerava “pífia” a proteção que o Estado brasileiro oferecia a ele. De
acordo com o parlamentar, a resposta do governo foi de não reconhecer a
existência de uma violência homofóbica no Brasil.
Questionado sobre a atuação em defesa dos direitos da
população LGBT, o deputado afirmou que “há tantas maneiras maneiras de lutar
por essa causa que não passam pelo espaço da institucionalidade”. “Para o
futuro dessa causa, eu preciso estar vivo. Eu não quero ser mártir. Eu quero
viver”, afirmou.
Por Veja
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