Michel Temer em entrevista ao programa 'Roda Viva', da TV Cultura - 16/09/2019 (TV Cultura/Reprodução) |
O ex-presidente Michel Temer usou
o termo “golpe” para se referir ao processo de impeachment que afastou Dilma
Rousseff da Presidência em 2016. Em entrevista
ao programa Roda Viva, da TV
Cultura, nesta segunda-feira 16, o emedebista cita um telefonema de Lula na
época para alegar que “não era adepto” do processo. Ele diz que “tentou”
impedir o avanço do impeachment e não o fez por haver grande “movimentação
popular”.
Em
abril daquele ano, quando o processo de impeachment ainda estava no início, o
emedebista declarou, por assessoria de imprensa, que “por ser professor de direito constitucional, Michel
Temer tem ciência de que não há golpe em curso
no Brasil” em resposta a discurso de Lula que utilizava o termo “golpe” para se
referir ao caso.
Dilma
Rousseff teve o mandato cassado em agosto de 2016 após votações na Câmara e no
Senado que consideraram haver crime de responsabilidade na prática de pedaladas
fiscais em seu governo. Como vice-presidente,
Temer tomou posse em definitivo ao fim do julgamento.
“Eu
jamais apoiei ou fiz empenho pelo ‘golpe’. Aliás, muito recentemente, o jornal Folha
de S. Paulo detectou um telefonema que o ex-presidente Lula me
deu, no qual ele pleiteava trazer o PMDB para ‘impedir o impedimento’. E eu
tentei, mas a esta altura eu confesso que a movimentação popular era tão grande
e tão intensa que os partidos já estavam mais ou menos vocacionados, digamos
assim, para a ideia do impedimento”, disse Temer, que acrescentou: “este
telefonema do ex-presidente Lula revela, exata e precisamente, que eu não era,
digamos, adepto do ‘golpe'”.
Temer faz referência a diálogos
divulgados pelo jornal Folha
de S. Paulo, em parceria com o site The Intercept, na
última semana, que mostram Lula, em conversas grampeadas, relutando em aceitar
o convite de Dilma para ser ministro da Casa Civil e tratando do assunto com
autoridades da época, como Temer. A defesa do petista afirma que tais conversas
enfraquecem a tese usada pelo então juiz Sergio Moro de que o ex-presidente assumiria
o cargo para travar investigações sobre ele.
Ainda sobra aquele período, o emedebista disse acreditar
que se Lula fosse nomeado ministro por Dilma o impeachment não teria ocorrido.
“Ele [Lula] tinha bom contato com o Congresso”, avaliou Temer. A nomeação de
Lula foi barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após Moro divulgar trechos
de uma ligação entre Lula e Dilma tratando sobre o termo de posse.
Na
mesma entrevista ao Roda Viva, Temer
elogiou Jair Bolsonaro pelo que considera uma “sequência” de políticas de sua
gestão. “O governo
Bolsonaro tem um ponto positivo. Esse ponto positivo, modéstia de lado, é
porque ele está dando sequência a tudo aquilo que eu fiz”, disse.
Questionado
sobre prisões recentes em operações da Lava Jato, Temer voltou
a alegar que as medidas não seguiram “o devido
processo legal” e acusa promotores de querem “quebrá-lo psicologicamente” pela
menção a sua filha Maristela em acusação em que responde por lavagem de dinheiro.
“Depois que tentaram me
derrubar do governo, e não conseguiram, tentam me quebrar psicologicamente
envolvendo a minha filha”, alegou Temer.
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