"Eu sou
um jovem, entendeu? Tudo depende de como a gente se olha... Eu olho para a
minha juventude". Apesar dos 72 anos, Valdir
Espinosa nem pensava em aposentadoria. Queria prestar
serviços no futebol por mais tempo, até onde a vida lhe permitisse. A permissão
acabou. Ele não resistiu e morreu após complicações pós-operatórias no
intestino, na manhã desta quinta-feira, deixando para trás um currículo de
treinador cujo principal título é o Mundial de Clubes de 1983, pelo Grêmio. A notícia foi confirmada pela diretoria
do Botafogo.
Desde dezembro de 2019, Espinosa exercia a função de gerente técnico do
Botafogo, no reencontro com o clube pelo qual foi campeão Carioca de 1989. Um
título histórico para o alvinegro porque encerrou o período de 21 anos na fila.
- No Grêmio, foi um sonho realizado. No Botafogo, foi
um pesadelo que acabou - disse ele em entrevista à ESPN Brasil, em 2017.
A lembrança
do fim do pesadelo com o gol de Maurício se uniu neste ano a outro momento de
glória do Botafogo: o Brasileirão de 1995, já que Espinosa ganhou no último mês
a companhia do técnico Paulo Autuori.
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três demitiram técnicos em um mês; limite de troca de treinador volta à pauta
na CBF
- Se um campeão do mundo já é bom, imagina dois campeões do mundo - disse
ele, na última entrevista ao GLOBO, no começo do mês.
Mas não houve muito tempo para que os dois trabalhassem juntos. Quando
Autuori foi contratado, a diretoria do Botafogo já sabia que Espinosa seria
submetido a uma cirurgia. Algo que demandaria um período indeterminado de
afastamento. Apesar dos primeiros sinais pós-operatórios terem sido positivos,
houve complicações na semana que antecedeu o carnaval. Espinosa foi para a UTI.
Gaúcho de Porto
Alegre, Espinosa foi formado na base do Grêmio e estreou no profissional em
1968, sendo campeão estadual. Mas a carreira como lateral-direito não durou
mais do que uma década, com passagens por Vitória, CRB e Esportivo-RS.
Como técnico/gerente, foram cerca de 40 anos de atividade. Espinosa teve
Otto Glória, que o comandou no Grêmio, como melhor exemplo de treinador.
O primeiro emprego à beira do campo foi no Esportivo, de Bento Gonçalves,
onde ele encerrou a carreira como jogador. O convite para o cargo veio em um
verão, durante um churrasco nas proximidades de Tramandaí. O diretor do clube
apareceu na ocasião e fez o convite para Espinosa, que queria vender imóveis na
Serra Gaúcha. Entre uma cerveja e outra, topou o novo emprego.
No Rio, treinou não só o Botafogo, como Flamengo, Fluminense e Vasco. Em
São Paulo, comandou Corinthians, Palmeiras e Portuguesa, por exemplo. Somou
passagens por outros clubes grandes fora do eixo e experiências na Arábia
Saudita, no Paraguai, onde foi campeão nacional duas vezes com o Cerro Porteño,
e no Japão. Da CBF, recebeu no ano passado a Licença Honorária de treinador, já
que o tempo em atividade não demandou participação no curso.
O Globo
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