O esperado pico da pandemia de COVID-19
deve ocorrer nesta semana no Brasil, de acordo com um modelo matemático
feito por pesquisadores da Coppe/UFRJ, Marinha do Brasil e Universidade
de Bordeaux, na França. Ainda segundo o modelo, o número de
registros deve começar a se estabilizar no fim do mês de julho, quando
alcançar um patamar de 370 mil. Este número pode chegar a 1 milhão, se
forem levados em consideração os casos não reportados.
A projeção foi feita especialmente para o Estadão e
tem por base o quadro atual de isolamento social, medidas de higiene e
capacidade de testagem. Ou seja, se tudo continuar como está,
alcançaremos a fase de platô da pandemia daqui a mais ou menos um mês.
Entretanto, frisam os cientistas, o mais provável é que as medidas de distanciamento sejam
relaxadas e o número de testes realizados aumente, o que deve empurrar
um pouco para frente a estabilização da doença e ampliar ainda mais o
número de casos da infecção.
“Depois do pico, o número de casos
acumulados continua crescendo, ele não para de crescer, mas o País vai
reportando cada vez menos casos, e a curva começa a mostrar uma
tendência de queda”, explica o pesquisador Renato Cotta, professor
titular da Coppe/UFRJ e consultor técnico da Marinha do Brasil. “Se
tivéssemos o cenário de hoje congelado, chegaríamos ao dia 150 da
pandemia, em 18 de julho, com 368 mil
O modelo não
calcula o número de mortes, mas a mortalidade da atual pandemia no
Brasil está em 6,7% – o que nos levaria a um total de pelo menos 25 mil
mortes até o fim de julho.
Ocorre que há muitas variáveis em jogo
e, por isso, os cientistas são sempre muito cautelosos com as previsões.
O número oficial de casos depende diretamente da quantidade de testes
de diagnóstico disponíveis e pode ter alterações muito significativas,
de acordo com as medidas de isolamento adotadas. “A testagem está
aumentando, estamos em 3,5 milhões de testes feitos e devemos chegar a
10 milhões nas próximas semanas”, diz Cotta, acrescentando que, com
isso, o número de casos reportados forçosamente aumentará. “Além disso,
há o afrouxamento da quarentena, seja involuntariamente ou por decreto, que vai fazer com que o número de casos aumente.”
Os
dois movimentos já foram vistos antes nesta pandemia, alterando
significativamente a curva, como mostra Cotta. Em um primeiro momento,
os números de casos reportados coincidiam com a projeção feita pelo
grupo. Depois da Páscoa, quando a quarentena começou a ser relaxada, os
números oficiais começaram a aumentar exponencialmente. O movimento se acentuou ainda mais depois que o País começou a testar de forma mais abrangente.
“Os
dados do Google Mobility mostram que o isolamento foi caindo depois da
Páscoa, seja por dificuldade econômica ou social, não importa, mas houve
uma afrouxada por parte dos Estados, houve um aumento da circulação de
pessoas”, constata Cotta. “Mais para a frente, já no fim de abril, o
governo começou a comprar mais testes e passamos rapidamente de
750 mil para 3,5 milhões de testes feitos.” Uma outra ressalva é que o
Brasil é um país continental e a doença está em diferentes estágios,
dependendo do Estado e, muitas vezes, do município.
Balanço nacional
O
Brasil registrou 674 mortes em 24 horas e já tem, ao todo, 16.792
vítimas da COVID-19, conforme atualização feita ontem pelo Ministério da
Saúde. O número de casos confirmados saltou de 241.080 para 254.220.
Com os novos registros, o Brasil ultrapassou o Reino Unido em número
total de casos confirmados da COVID-19 e se tornou o 3.º país no mundo
com mais casos acumulados da doença, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.
Até
19h30 desta segunda, o Reino Unido somava 247.706 casos confirmados de
COVID-19. No fim de semana, o Brasil já havia ultrapassado a Itália e
Espanha. O Brasil também é o 6.º na lista de países com mais mortes acumuladas, atrás de EUA (89.874), Reino Unido (34.876), Itália (32.007), Espanha (28.111) e França (27.709).
Do Imparcial
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