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sexta-feira, 12 de março de 2021

Jovem vai a SP por paixão online, mas é enganado e recebe apoio de instrutor da Brigada Militar gaúcha para retornar ao RS

 Blog do Alex Ramos

Uma operação envolvendo policiais militares do Rio Grande do Sul e de São Paulo nesta semana teve por objetivo um resgate incomum de ajudar um jovem de 18 anos com o coração partido, que havia se desclocado de Gravataí (RS) à capital paulista para se encontrar com a garota com quem vinha namorado virtualmente nos últimos dois anos. Bloqueado nas redes sociais pela amada, o rapaz, identificado como Matheus, se viu com apenas R$ 15 na carteira no terminal rodoviário do Tietê. Órfão de mãe e sem saber quem é o pai, Matheus ligou para o policial militar que lhe deus aulas, quando adolescente, através do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).

E foi por meio desse pedido de socorro ao soldado Diogo Rafael Ávila de Moura, do 17ºBPM, em Gravataí, que policiais militares dos dois estados se uniram numa rede colaborativa para que o jovem pudesse voltar à sua cidade natal.

Ávila, que integra o Proerd há seis anos e é pai de uma menina de 3, contou ter sentido empatia pelo rapaz, que deixou sua vida para trás para morar com uma garota por quem se apaixonara.

— Sou pai, fico emocionado, me coloco no lugar dele. Imagina se fosse a minha filha lá? — afirmou o PM ao EXTRA nesta quinta-feira, dia 11.

Na véspera, soldado Ávila foi até a rodoviária receber Matheus, após seus colegas terem juntado R$ 500 numa vaquinha para pagar a passagem de volta do guri, além de alguns gastos com a alimentação dele.

De acordo com o policial, Matheus tinha combinado de se mudar para a casa da então namorada, que ele acreditava viver em Osasco (SP). E assim tomou rumo a São Paulo só com o dinheiro da ida. No entanto, ao chegar na rodoviária no domingo, dia 7, a amada parou de lhe responder.

— Ele começou a se preocupar, isso no domingo de manhã. De tarde, ele me mandou a primeira mensagem — contou Ávila. — Eu de pronto comecei a conversar com ele, orientar ele, acalmar ele, porque como a gente sabe, São Paulo é cidade grande. Eu falei: calma, que três ou quatro horas (de atraso), na minha percepção, em São Paulo, é quase que chegar no horário. Fiquei acalmando ele: talvez tenha acontecido algum acidente, algum imprevisto e tal.

O sumiço da namorada perdurou para a grande decepção de Matheus, que ficou ainda mais nervoso.

— Na segunda de manhã, ele me retornou de novo: bah, ela não veio, não me mandou mais mensagem. Eu falei: não, continua no banco da rodoviária, fica aí — narrou o soldado.

Embora Matheus tivesse apenas R$ 15 no bolso, sem cartão, ele ainda tinha esperança de pegar um carro de aplicativo até Osasco e tentar encontrar a namorada. Mas o apaixonado já não conseguia mais entrar em contato com ela.

— Na segunda de tarde, ele já estava deseseperado, me ligou chorando: bah, eu acho que caí num golpe. Ela me bloqueou, não fala mais comigo e tal. Aí eu: não, te acalma que eu vou começar a organizar tua vinda, fica tranquilo.

Diante da total falta de resposta da namorada na terça-feira, o instrutor do Proerd acionou seus chefes pedindo que pudessem montar um esquema para o retorno de Mateus ao Rio Grande do Sul. Primeiro, alertou o tenente Bastos e, em seguida, o major Neves. O próximo passo foi divulgar o caso para toda a rede do Proerd no estado. A partir de então, puderam arrecadar a quantia necessária da passagem.

— A major Karina e o nosso comandante, coordenador estadual do Proerd, coronel Cilon, me chamaram inbox e eu expliquei de novo toda a situação que estava acontecendo. Deu uma questão de minutos, uma major de São Paulo me chamou no WhatsApp e a capitã Lídia, do Proerd de lá: estou mandando agora uma guarnição pro terminal Tietê em São Paulo, onde ele está, e nós vamos achá-lo.

Ávila afirmou que os R$ 500 necessários para o retorno de Matheus foram reunidos em questão de minutos. Ainda que o jovem não tenha parentes, o soldado lembrou que ele tem uma madrinha que mora no mesmo bairro que o rapaz, atingido por "elevada vulnerabilidade social", conforme descreveu.

— Eu, como policial militar, como Proerdiano, que vou nas escolas, desenvolvo esse trabalho, esse projeto, é muito gratificante, porque mostra que eles entendem o objetivo, a ideia da nossa proposta. Numa das últimas aulas, eu falo da rede de ajuda, a quem eles podem pedir ajuda: pai, mãe, tios, primos, policial militar, bombeiro, policial civil. Então isso pra mim é muito gratificante, porque no momento em que ele mais sentiu perigo, mais sentiu medo, ele ligou pra mim. Ele lembrou lá da minha aula há anos do círculo de confiança, da rede de ajuda, que sempre poderia pedir ajuda a um policial militar — destacou o PM.

Matheus foi recebido na rodoviária de Porto Alegre, na noite desta quarta-feira, dia 10, pelo coordenador estadual do Proerd, tenente-coronel Cilon e pelo seu instrutor soldado Ávila.

— Quando ele desceu do ônibus aqui ontem, a primeira frase que ele falou, ele me olhou chorando e falou: eu tinha certeza que o senhor não ia me deixar lá.

Após o encontro emocionado, Matheus recebeu um kit de boas vindas e foi conduzido de viatura até a residência de sua madrinha, em Gravataí, que se emocionou com a situação e o retorno do afilhado.

— Isso é muito importante, sabe, pra outros jovens não caírem na mesma asneira que o Matheus fez. Por isso que a gente tem que divulgar, pra quanto mais pessoas virem, melhor. Com certeza nesse exato momento tem muitos jovens aí, adolescentes nessa mesma situação de namoro, de relacionamento. A gente como policial militar do Proerd tem que orientar essa gurizada — frisou o PM.

Do Extra






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Luzimar Rodrigues