Blog do Alex Ramos
Muitas pessoas que se sentem
inseguras ou carentes de habilidades tentam prejudicar aqueles que veem como
seus concorrentes, que se destacam ou podem ofuscá-las. Esse fenômeno é
conhecido como síndrome de Procusto. Na mitologia grega, Procusto, filho de Poseidon, era um anfitrião terrível que torturava,
amputava ou matava a marteladas todos os que se hospedavam em sua casa se seu
tamanho não coincidisse com o comprimento da cama.
Se o hóspede fosse maior que
o leito, serrava-lhe as partes do corpo que sobressaíam, se fosse menor,
desconjuntava-o violentamente. Esse tirano, de estatura descomunal e força
desmedida, acabou provando do seu próprio veneno quando Teseu o desafiou a
medir-se em seu leito.
Na atualidade, utilizamos o
conceito de síndrome de Procusto para definir pessoas que tentam menosprezar
quem é mais brilhante que elas. São exemplo de intolerância a tudo que é
diferente e, principalmente, a tudo que é melhor. Procusto cortava a cabeça ou
os pés que ficassem de fora de seu leito, e muitos colegas de trabalho ou
líderes boicotam, humilham e limitam os que se destacam em relação a eles porque se tornam uma
ameaça.
conhecemos
alguém de nosso entorno que se comporta dessa maneira mesquinha e vil,
conscientemente ou não. Como detectá-los a tempo?
Demonstram insegurança e um
sentimento de inferioridade.Indivíduos desse
tipo se veem ameaçados por qualquer pessoa que acreditem ser capaz de
superá-los. Quem apresentar ideias melhores que as suas poderá desmascará-los
diante de um superior. O medo de perder posição, poder ou hierarquia subjaz
nesses casos.
Vivem na defensiva. Talvez se sintam pouco criativos, não
tão inteligentes, menos talentosos que outros. Quando se veem diante de uma
ameaça, uma das soluções às quais recorrem é tentar passar à frente de seu
rival. Mas carecem de recursos para se superar, de modo que, em vez de
esforçar-se e potencializar suas capacidades, tentam limitar as dos outros.
Pensam que assim terminarão todos iguais.
Monopolizam tarefas. O nível de competitividade com que se trabalha em certos
ambientes leva alguns a querer ganhar a qualquer preço. Não raro assumem
projetos para os quais não têm tempo só para evitar que sejam atribuídos a
algum colega capaz de surpreender fazendo um trabalho melhor.
Realizam tarefas irracionais. E podem chegar a pensar que o fato de outros serem
brilhantes significa necessariamente que eles não o são. Mas a
criatividade, a habilidade, a capacidade e o entusiasmo estão em toda
parte, não se esgotam porque alguém os possui.
coisas e sair de
sua zona de conforto.
Costumam julgar as opiniões dos
outros a partir de seu próprio ponto de vista. Para eles, suas
ideias são as únicas válidas e não há lugar para nada que seja
diferente. Dessa maneira boicotam o pensamento criativo e as ideias do grupo,
dificultando o trabalho em equipe.
Quem sofre da
síndrome de Procusto pode acabar desencadeando um transtorno psicológico. Fomos
educados em valores como o esforço, a disciplina, a responsabilidade e a
perseverança. Ser punido e humilhado por trazer algo a uma organização
contradiz esses valores. As consequências podem ser devastadoras – tanto do
ponto de vista pessoal como do profissional – para a vítima, que se verá
limitada, questionada ou ridicularizada. Os efeitos também são nefastos para a
organização, que perde ideias, inovação e uma saudável capacidade de
concorrência.
Um empresário ou
um gestor inteligente deveria querer estar sempre rodeado de pessoas mais
capacitadas, mais criativas e mais engenhosas que ele. Ter talento e trazer um
valor agregado a um trabalho é a melhor maneira de inovar e crescer. E isso
implica em assumir riscos. Os empresários têm medo de formar e investir em
funcionários que depois vão mudar de emprego. Mas quem quiser crescer, terá de
se arriscar e fomentar uma política de pessoal que retenha o talento na
empresa. Quem exerce a síndrome de Procusto não trabalha em equipe e rejeita a
possibilidade de aprender com aqueles que estão à sua volta. E ainda os
aniquila. Entende que a maneira de igualar a todos é torpedear os mais
brilhantes. O medo de ser superado leva muitos a viver em uma contínua mediocridade,
onde eles não avançam nem permitem que outros o façam.
Do El País
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