Ex-presidente do Vasco da Gama, Eurico Miranda morreu nesta terça-feira Foto: Marcelo Sadio |
Morreu nesta terça-feira, por volta
das 11h, no Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, um dos mais importantes e
controversos dirigentes do futebol brasileiro. Eurico Miranda, ex-presidente do
Vasco, faleceu vítima de complicações devido a um câncer no cérebro, aos 74
anos. Polêmico, provocador e colecionador de frases de efeito, desafetos e
admiradores, deixa a esposa Sylvia, os filhos Eurico Brandão, Álvaro Miranda,
Mário Ângelo Miranda e Sylvia Miranda, e oito netos.
O
velório do ex-presidente do Vasco acontecerá a partir das 18h desta terça na
capela de São Januário. Ele será sepultado na manhã de quarta-feira.
Há dez anos, Eurico lutava contra tumores em outras partes do corpo, o que
ocasionou alguns períodos de afastamento dele durante seu último mandato como
presidente do Cruz-Maltino, entre 2015 e 2017. Por ocasião de uma homenagem aos
120 anos do clube, esteve na Assembleia Legislativa do Estado do Rio, numa
aparição pública que revelou a saúde debilitada. Mesmo com dificuldades de
locomoção, seguiu frequentando São Januário e participando ativamente da vida
política do clube até novembro.
Eurico Miranda foi presidente do Vasco em dois períodos, de 2001
a 2008 e de 2014 a 2017. Na posição mais importante do clube, foi tricampeão
carioca, em 2003, 2015 e 2016. Seu auge como dirigente foi na vice-presidência
de futebol da gestão Antônio Soares Calçada, entre 1986 e 2000. No período, o
Vasco conquistou seis campeonatos estaduais, um Torneio Rio-São Paulo, três
Brasileiros, uma Copa Mercosul e o título mais importante da história do clube
- a Libertadores de 1998, ano do centenário vascaíno.
Na carona dos resultados obtidos como vice-presidente, Eurico se
elegeu deputado federal pelo Rio nas eleições de 1994 e 1998. Por sua atuação
como vice-presidente e presidente do Vasco, foi um dos alvos da Comissão
Parlamentar de Inquérito instaurada em Brasília para apurar irregularidades no
futebol brasileiro, em 2001. Ao final do processo, a cassação de seu mandato
como deputado federal não foi aprovada, e ele pôde cumpri-lo até o fim e nunca
mais conseguiu se reeleger.
Eurico Miranda teve participação importante em alguns dos
principais episódios do futebol brasileiro nas últimas três décadas, como a
criação do Clube dos 13, as discussões a respeito do fim da lei do passe e as
viradas de mesa que se repetiram na Série A no fim dos anos 90.
No Vasco,
deixou como legado algumas das contratações mais emblemáticas do clube, como o
retorno de Roberto Dinamite em 1980, quando o atacante ameaçava se transferir
para o Flamengo, e a compra de Bebeto, atacante que defendia o arquirrival
rubro-negro e foi um dos responsáveis pela conquista do título brasileiro de
1989.
Por outro
lado, seus opositores em São Januário sempre acusaram Eurico de ser o principal
responsável pelo acelerado endividamento do clube a partir do fim dos anos
1990. As dificuldades financeiras que o Vasco atravessa desde então tiveram
como consequências a escassez de conquistas de expressão e três rebaixamentos
para a Série B, dois deles com a participação direta de Eurico, em 2008 e 2015.
Além disso, os processos eleitorais dentro do clube foram marcados por intensa
hostilidade contra seus opositores e acusações de fraude envolvendo sócios
fantasmas.
Durante suas
gestões, o Vasco teve relação beligerante com a imprensa, o que culminou em
diversos momentos na proibição de determinados veículos e jornalistas de
participarem da cobertura diária. Esses problemas ajudaram a minar sua
popularidade e a desgastar a imagem do Cruz-Maltino.
Na eleição do
Vasco de 2017, ele tentou a reeleição para presidente, mas sua chapa foi
derrotada pela união da oposição. Ainda assim, depois que a Justiça apurou que
houve irregularidades na entrada de sócios durante sua gestão. Eurico Miranda
ainda participou da articulação que culminou com a eleição de Alexandre
Campello e a derrota de Julio Brant, até então considerado o favorito para
assumir o clube. Eleito presidente do Conselho de Beneméritos, concentrou seus
esforços em 2018 na aprovação das contas de seu último ano de gestão como
presidente administrativo.
Do Extra
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