Blog do Alex Ramos
Hospital Municipal de Barra do Corda já registrou 15 mortes de bebês durante o parto, diz a Secretaria de Saúde — Foto: Reprodução/TV Mirante |
Casos de mortes de bebês no Hospital Municipal de Barra do Corda têm
assustado moradores da cidade, que fica a 462 km de São Luís. A própria
Secretaria Municipal de Saúde admite que 15 bebês morreram desde o começo de
2019.
No
entanto, a secretaria diz também que 12 casos eram de bebês prematuros que
chegaram mortos à maternidade e que os médicos apenas poderiam fazer o
procedimento de retirada dos fetos.
Algumas
mães que perderam os filhos na hora parto denunciam que houve descaso no
atendimento. A Iara da Silva conta que teve o bebê em uma enfermaria, ao lado
de outras pacientes, e que foi um enfermeiro quem conduziu o parto, sem sequer
encostar nela.
Iara da Silva diz que não teve nenhum suporte durante o parto no Hospital Municipal de Barra do Corda — Foto: Reprodução/TV Mirante |
"Só olhando. Ele entrava na sala e ele saía. Quando ele entrava,
ele dizia... 'basta fazer força'. E eu fiz o máximo que pude. Quando ele [bebê]
nasceu, já não chorou. Tava respirando fraquinho".
Cidinara
Oliveira diz que fez todo o pré-natal e o bebê estava saudável. Porém, no dia
do parto, o médico teria mandado ela voltar para casa por falta de material
para a cirurgia.
"O
médico disse que não podia fazer meu parto porque não tinha como fazer, porque
não tinha material. Ele não ia fazer a cesariana em mim".
Cidinara
ainda esperou por cinco horas no hospital, mas quando decidiram fazer a
cesariana, já era tarde.
Cidinara diz que perdeu o bebê porque o hospital demorou para fazer um parto do tipo cesariana. — Foto: Reprodução/TV Mirante |
"Eu quero Justiça, eu quero saber porque meu filho morreu. O
pediatra disse que o bebê morreu em decorrência do parto", contou a mãe.
A Secretaria de
Saúde de Barra do Corda também informou que o próprio hospital está apurando
três mortes em que há indícios de negligência, sendo que não teria culpa nos
outros casos. Para a secretaria, a maior parte dos outros casos, os prematuros,
são de pais indígenas que não tiveram o acompanhamento adequado.
"É uma
população que não faz acompanhamento de pré-natal e isso dificulta ainda mais a
sobrevivência desse feto", declarou Eloísa Mota, secretária municipal de
saúde.
A Comissão de
Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão (OAB-MA) está
acompanhando o caso e diz que todas as mortes têm que ser investigadas e que
deve acionar o Ministério Público Federal para pedir atenção no casos dos bebês
indígenas.
"Nós vamos
buscar, junto ao Departamento de Saúde Pública Indígena da FUNAI, e requisitar
que o Ministério Público Federal faça uma apuração, caso se confirme os casos
dessas crianças indígenas", contou Rafael Silva, presidente da Comissão de
Direitos Humanos da OAB-MA.
Até o momento, o
Ministério Público do Maranhão abriu inquérito para investigar dois casos que
chegaram ao promotor.
"Ainda não
posso informar de forma conclusiva, mas há evidências de que poderia ter sido
evitado, se tivesse tido um atendimento mais rápido", afirmou o promotor
Guaracy Figueiredo.
Já na Câmara
Municipal de Barra do Corda, em uma sessão tumultuada nessa semana, um grupo de
vereadores de Barra do Corda pediu a abertura de uma Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) para investigar as mortes, mas nada foi decidido até o momento.
"Tem sido muito grave o que tem acontecido em Barra de
Corda. Vem desde outubro que as crianças vem morrendo por falta de atendimento.
A gente vem falando, cobrando e ninguém faz nada", contou o vereador
Francisco Eteldo (PV).
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