Quatro anos depois, nenhum
dos nove réus acusados de participar do linchamento de Cleidenilson Pereira
foram a julgamento. A vítima tinha 29 anos e era
suspeito de tentativa de assalto a um bar quando foi amarrado a um poste e agredido até
a morte no dia 6 de julho de 2015, em São Luís.
Sobre a história de
Cleidenilson, a mãe dele contou o G1 que a vítima era pobre, usuário de drogas,
desempregado e provavelmente seria pai no fim daquele ano.
"No velório, vi uma menina chorando bastante e perguntei
quem era. Era a namorada dele. Foi aí que fiquei sabendo que ela está grávida
de três meses do meu filho", declarou a mãe.
Julgamento
do caso
Após o crime, a polícia concluiu que nove pessoas participaram
do linchamento de Cleidenilson e de um adolescente de 17 anos que o acompanhava
durante o assalto. Todos respondem em liberdade por tentativa de homicídio
(contra o menor) e homicídio duplamente qualificado — por meio cruel e sem chance
de defesa — contra Cleidenilson. São eles:
·
Waldecir
Almeida Figueiredo
·
Ivan
Santos Figueiredo
·
Elio
Ribeiro Soares
·
Marcos
Teixeira Barros
·
Ismael
de Jesus Pereira de Barros
·
Cicero
Carneiro de Meireles Filho
·
Alex
Ferreira Silva Souza
·
Raimundo
Nonato Silva
·
Felipe
Dias Diniz
Somente após mais de dois anos do crime, no dia 5 de outubro de
2017, todos os acusados foram pronunciados a júri popular e recorreram sobre a
decisão. No dia 24 de maio de 2018, o juiz Gilberto de Moura Lima mais uma vez
decidiu pelo júri popular aos acusados e remeteu o processo ao Tribunal de
Justiça do Maranhão (TJ-MA).
Desde então, o
processo está tramitando dentro do TJ-MA e ainda não houve decisão para que a
data do júri popular possa, ou não, ser marcada. O G1 apurou que a
última movimentação do processo é referente a um pedido para que o caso fosse
incluído em pauta de sessão na 3ª Câmara Criminal para julgamento.
Essa última
movimentação é do dia 19 de março de 2019 e até o momento não houve nenhuma
decisão.
O Crime
Segundo o inquérito policial, no dia 6 de julho de 2015, por
volta das 15h30, no bairro Jardim São Cristóvão, todos os nove acusados
participaram do linchamento de Cleidenilson - conhecido socialmente como
"Xandão" - e tentativa de homicídio do adolescente de 17 anos que o
acompanhava.
Cleidenilson e o
adolescente estavam de bicicleta quando resolveram assaltar, a mão armada, o
restaurante de Waldecir Almeida, um dos réus pelo crime. Ao chegar no
restaurante, Cleidenilson anunciou o assalto e o adolescente dava cobertura e
observava a movimentação das pessoas do lado de fora do estabelecimento.
Durante o assalto,
Cleidenilson Pereira foi interceptado por Raimundo Nonato – também réu - que
empurrou uma mesa contra ele. Logo depois, Élio Ribeiro e Waldecir atacaram
Cleidenilson e o impediram de efetuar disparos.
Cleidenilson ainda
tentou disparar, mas a arma não funcionou. Após gritos, o adolescente tentou
fugir, mas foi derrubado da bicicleta. A partir daí, Cleidenilson e o
adolescente foram linchados por várias pessoas.
Ivan Santos – outro
réu - saiu de sua residência e passou a agredir Cleidenilson com vários socos e
chutes. Élio Ribeiro também passou a agredir a vítima, que estava sendo
segurado por outras pessoas que estavam no local.
Logo depois, Cleidenilson
foi colocado para o outro lado da rua e recebeu uma garrafada na cabeça por
parte de Élio Ribeiro, que ainda enfiou o gargalo no rosto da vítima, fazendo
com que espirrasse sangue por toda a calçada.
Na sequência, o
adolescente foi colocado ao chão e agredido por Ivan Santos. Ainda segundo as
investigações, foi preciso o adolescente se fingir de morto para não ser mais
violentado.
Do G1
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