Foi
quando tinha 14 anos que Scarllath Lopez, 24, começou a sentir que queria
representar outras pessoas e comunidades trabalhando como modelo, durante a
participação em um desfile na pequena comunidade de Vila Passos, em São Luís,
onde morava.
A
presença de vários olheiros e meninas na comunidade revelou a Scarllath um
mercado muito concorrido. “Eu percebi ali a força de vontade de cada menina.
Quando vi que podia dar certo para mim, considerei que também poderia
representar outras meninas e dar voz”, lembra.
Anos
mais tarde, a maranhense ainda chegou a cursar Nutrição por dois anos e meio.
Mas com o incentivo da mãe e de amigos, Scarllath deixou o curso para trás e
começou a perseguir seus sonhos dentro do mundo da moda em São Paulo, onde
começou a registrar sua particularidade por ser atraída pela vontade de
ingressar no mercado com muita representatividade para as pessoas e marcas,
sempre atenta a todo trabalho de sensibilização do público.
A
maranhense revela que não imaginava onde poderia chegar, mas confessa que se
perguntava “E se desse certo? Quantas meninas eu poderia inspirar e
representar? Hoje eu costumo dizer que a moda me ganhou”, atesta sorrindo.
Segundo
ela, os desafios e dificuldades com os trabalhos no início da carreira foram
oportunidades para aprender. “Todos os trabalhos que faço me passam um
aprendizado muito grande”. Para ela, o maranhense é naturalmente mais tímido.
“No início, eu sentia mais dificuldade com a timidez e com a linguagem, [em
relação aos idiomas]. Esses foram alguns dos meus grandes desafios”, revela.
Hoje
ela integra importantes agências de modelos do Brasil e do mundo, com as quais
já consegue se comunicar com mais facilidade quando precisa fazer um trabalho
no exterior. “Eu já consigo me comunicar com o inglês e arranho no italiano”,
conta aos risos a modelo que coleciona trabalhos em países como Turquia,
Amsterdã, Espanha, Itália e Caribe atualmente.
Scarlleth
conta como ganhou uma projeção internacional. “Hoje meu trabalho é o mundo,
grande parte por um scout [olheiro] que eu tenho e que me impulsionou no
mercado internacional. Ele foi a afirmação de que eu deveria seguir esse
caminho”, diz Lopez sobre o seu agente de modelos e representante no mercado
internacional, Miguel Crispin.
“Hoje
meu trabalho é o mundo”, afirma Scarllath
No
mercado há 17 anos, Crispin conta que começou a representar Scarllath há cerca
de dois anos. “Comecei desenvolvendo a carreira dela no Brasil e logo organizei
sua primeira viagem internacional”, conta. O agente descreve as características
que mais chamaram a sua atenção na maranhense que representa em Paris, Milão e
Espanha. “Scarllath tem uma beleza inexplicável, mas sua energia, alegria de
viver e gratidão pelas pequenas oportunidades me fizeram ainda mais feliz em
trabalhar com ela”, evidencia. Entre os trabalhos publicados no perfil de
Scarllat vinculado às principais agências de moda do mundo estão dois
editoriais feitos para a Glamour Brasil, um para a agência Way Model, outro
para a Vogue Brasil e um intitulado Various Campaigns, datados de 2018 a 2019.
Para
Scarllath, ser modelo é ter um trabalho privilegiado. “Aprendi muitas culturas,
histórias e coisas que não conseguiria aprender em sala de aula. Minhas
expectativas daqui pra frente são só crescer, falar mais línguas, trabalhar com
mais clientes que me inspiram e poder representar mais meninas com o meu
trabalho”.
A
verdadeira inspiração da modelo vem da família e amigos. “Eles são meu ponto
forte. A minha mãe é minha melhor amiga e o meu pai, um ponto de união”,
descreve. Scarllath perdeu o pai há mais de dois anos. “Hoje ele [pai] me
inspira à distância para resistir na moda”.
O
sonho de se tornar modelo não era algo tão inédito e particular assim na
família. Ana Lopes, a mãe, também realizou alguns trabalhos como modelo e hoje
projeta na filha os sonhos que não pôde dar continuidade no passado. “Scarllath
é uma boa filha e eu tenho muito orgulho dela, acredito que o pai dela também
tenha”. Para matar a saudade da filha, Ana se desloca de três em três meses a
São Paulo, onde Scarllath reside ou recorre ao uso do bom telefone.
Perguntada
sobre o que faz quando não está modelando, Scarllath disse preferir atividades
físicas que cuidam do corpo e da mente. Quando tem um tempo livre no meio da
agenda agitada, a modelo costuma praticar ioga em casa ou em praias, além de
também praticar pilates. Sobre dietas, procura não seguir nenhuma restrita ou
fugir do convencional. Com um perfil de trabalho mais abrangente atualmente, –
comercial e fashion – Scarllath ainda deseja alcançar mais visibilidade para o
Maranhão, por meio do seu trabalho. “O povo maranhense é a minha força. Quero
que as pessoas visitem o Maranhão e queiram ficar. É um estado aconchegante
onde encontramos pessoas muito boas”, conclui.
Sobre
sonhos e perspectivas, Scarllath diz querer sensibilizar com seu trabalho.
“Quero sensibilizar outras meninas e muitas comunidades. Quero que o mundo da
moda cresça para pessoas negras e, como um todo, seja melhor e igual para
todos. Meu objetivo é a representatividade, especialmente para o povo
maranhense”.
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